21 de abril de 1981
Início de tarde, pouco mais das 13:30 horas, e gritos de "fogo no Instituto", vieram quebrar a monotonia de toda a população, que até então, vivia tranqüilamente a folga do feriado. Ao longe, já se observava a fumaça, em grandes proporções, invadir o céu, que se mantinha parcialmente azul.
O medo pelo pior; tomou conta de uma grande maioria, que a exemplo de outros tantos curiosos, passaram a ocupar pontos estratégicos ao redor do prédio em chamas. Sob os olhares tristes de milhares de pessoas, o nosso glorioso (ex) Instituto de Educação Pirassununga - I.E.P. (gosto de chamá-lo assim), ardia em chamas. Enquanto não se via a presença dos bombeiros, dezenas de heróis anônimos faziam o máximo, a fim de tentar salvar todo o tipo de coisa, embora de forma desordenada. Não havia tempo para organizarem-se, mesmo porque o fogo caminhava assustadoramente. A maior preocupação estava concentrada em dois lugares importantes: a sala de projeções e a biblioteca. Considerada a melhor da região, e fruto de muitos anos de trabalho, a biblioteca corria o risco de perder o seu valioso acervo fonte de inesgotáveis informações. Seus livros tinham que ser salvos a todo custo. Jogados, Indiscriminadamente, pelas janelas, muitos deles desfaziam-se em páginas soltas, as quais vinham misturar-se com os destroços no chão. Assim a biblioteca, já perdia parte de suas forças. Após algumas horas, já com a presença dos bombeiros, afora o salão nobre e a sala de projeção, todo o restante do prédio ficara cinzas sobre cinzas. Até mesmo, a imagem do Cristo crucificado ostentado frente às escadarias, sofreu a deformação do fogo cruel.
De âmbito geral, víamos uma imagem grotesca, estapafúrdia e acima de tudo melancólica. E, o que mais me revolta, era saber que tudo isto poderia ser evitado, o melhor, fora prenunciado. Vítimas fatais, graças a Deus, nenhuma a lamentar. Mas o prejuízo moral, artístico e financeiro parece irredutível. Doravante, não será nada fácil reparar este dano que também emanou nossa cidade e que sente a humilhação de perder um dos seus mais preciosos patrimônios. Tarde para se lamentar? Creio que não. Apenas que isto sirva de exemplo àqueles, que de certa forma, ignoraram a possibilidade de ocorrência deste grotesco quadro.
(Helio Marucci Queiroz).
O povo, estarrecido consternado, contempla o espetáculo, as chamas destruindo um dos mais bonitos edifícios escolares existentes no Estado, ameaçando transformar em escombros uma das mais belas tradições do ensino paulista, a velha Escola Normal de Pirassununga.
"O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeços"O
Machado de Assis
FOTOS: José Gilberto Silvestrini
POPULAR- PIRASSUNUNGA
COLABORAÇÃO "Peixe Roncador"
Equipe E E Pirassununga
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