O Instituto de Educação pegou fogo. Algumas horas depois, um estrago brutal. A cidade mobilizada. Cenas que todos vimos e vivemos. Apreensão!
Ninguém sabe, exatamente, como as pessoas apareceram, mas o que se viu, foi que tiveram no momento certo, o senso da atitude correta: organização na ação. Muita coisa pôde ser salva pelo povo, pelos estudantes, ex-alunos, professores, crianças, velhos e moços, todos de algum modo participando.
Não pretendo aqui, reportar o fato, mas levantar algumas questões, que considero importantes. Talvez seja um momento propício para avaliarmos o quanto são profundas as relações que mantemos com a cidade em que vivemos. Alguma coisa dentro de todos nós tinha a ver com aquele prédio escolar.
Lá dentro construímos ou estamos construindo, parte da nossa história. Por isso, nos sentimos meio donos dele e por esta relação, nos sentimos roubados quando vimos o Instituto queimado. Houve participação, porque as pessoas se sentiram responsáveis pela preservação do que estava sendo destruído, e, isto é um fato da maior importância dentro deste contexto, porque deve condicionar as etapas que estão por vir.
Esta é outra questão que gostaria de colocar: o que acontecerá agora? O que vão fazer deste prédio? A ação desenvolvida no dia do incêndio provou a todos a capacidade do povo de zelar pelo seu patrimônio; a capacidade de ação, que só foi prejudicada pela falta de equipamentos adequados.
Existem várias formas de se proceder diante de um prédio que por algum motivo necessite de trabalhos de recuperação.
Como arquiteto, especializado na área de preservação e conservação de monumentos e conjuntos históricos acredito que neste caso, devemos proceder a uma "restauração" do edifício. Explico o termo: restauração significa a intervenção, porém, preservando as características significativas da obra em questão. Este procedimento difere das simples reformas, onde o material e solução a serem adotados não precisam estar vinculados a nenhum significado especial. Já o Instituto tem o seu valor histórico e arquitetônico.
PODEMOS SALVAR O INSTITUTO
As técnicas de recuperação permitem que ele seja totalmente restaurado, inclusive solucionando os problemas de segurança e infraestrutura que até agora foram ignorados. Quanto ao valor histórico, acho desnecessário, já que ainda está fresca a manifestação do apreço, do amor que toda a comunidade demonstrou em sua ajuda, o que por si só, dá a dimensão do significado desta escola para Pirassununga. A população é a maior interessada e a maior responsável pela preservação daquilo que é seu. Os canais de participação existentes devem ser procurados e todos devem achar o melhor meio de ajudar, como fizeram no dia 21 de abril. Depende da comunidade pirassununguense a boa solução para o caso do Instituto.
O Movimento, 26 de abril de 1981
Luís Antônio Cambiaghi Magnani
Arquiteto
Colaboração “Peixe Roncador”
Equipe E E Pirassununga
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