Nas décadas de 50 a 70, a Escola usava umas cadernetas (parecidas com uma Carteira Profissional, inclusive no tamanho) que funcionavam como diário do aluno com identificação e foto, onde se colocavam carimbos de presença, notas (tipo boletim), faltas, anotações diversas da administração, etc.
Sua finalidade era para que os pais tomassem ciência de todos os fatos de seu filho na Escola e acompanhassem diaramente seu aproveitamento, e principalmente, sua disciplina, o famoso "comportamento".
Se houvesse alguma anotação, não tinha conversa, psicólogo, orientação educacional, reclamação na diretoria...
O professor sempre estava certo e merecia respeito, portanto, era "couro" mesmo.
E entre "mortos e feridos" todos nos salvamos como cidadãos honestos, de caráter, bem-educados e úteis à sociedade.
Todo o dia o aluno levava sua caderneta, colocava-a sobre a mesa do professor e no final do dia lhe era devolvida. A caderneta do Ginásio era de cor verde e a do Normal, vermelha.
No início do período, um inspetor escolar, geralmente o Sr. Duílio Dalpino passava pelas classes recolhendo-as, carimbava uma a uma no espaço com a data, a palavra "Presente", ou "Ausente", no dia posterior.
Era usual, quando um aluno precisava se ausentar parte do horário ou chegar mais tarde, entregar na Secretaria um aviso (o bilhete) dos pais sobre o fato, no que era autorizado pela Diretoria. Se, porventura, o aluno que não trouxera o "bilhete" precisasse se ausentar, deveria ter autorização expressa da Diretoria através de anotação na caderneta, para que os pais tomassem conhecimento.
Acontece, que sempre que era possível, davam-se aquelas escapadas estratégicas, mas antes, tinha que apanhar a caderneta... sorrateiramente ia-se à sala "do carimbo", em geral vazia, apanhava a sua, meticulosamente em pilhas e em ordem alfabética, e depois, tinha que se valer do talento.
Um aluno tinha um dom todo especial, o de imitar a letra e assinatura de qualquer pessoa, e o fazia com perfeição. Não gostava muito de fazê-lo, mas face a a insistência do fujão acabava por apanhar a caderneta, abria no local certo, escrevia a autorização e assinava de forma incorrigível: Próspero Grisi - Diretor.
E o aluno saía pela porta da frente todo gabola e, se alguém o interpelasse, dava a famosa "cadernetada".
Diziam que o Sr. Própero sabia, mas fazia vistas grossas... como saber, não?
Este aluno?
Nosso sempre saudoso e polivalente Professor e Jornalista Washington Luiz de Andrade.
Colaboração: Suzana B de Miranda
Profª Rogéria Teles
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