quinta-feira, 2 de junho de 2011

VAMOS RECUPERAR O INSTITUTO


    O Instituto de Educação pegou fogo. Algumas horas depois, um estrago brutal. A cidade mobilizada. Cenas que todos vimos e vivemos. Apreensão!
  Ninguém sabe, exatamente, como as pessoas apareceram, mas o que se viu, foi que tiveram no momento cer­to, o senso da atitude correta: organização na ação. Muita coisa pôde ser salva pelo povo, pelos estudantes, ex-alunos, professores, crianças, velhos e moços, todos de algum modo participando.
   Não pretendo aqui, repor­tar o fato, mas levantar al­gumas questões, que consi­dero importantes. Talvez se­ja um momento propício pa­ra avaliarmos o quanto são profundas as relações que mantemos com a cidade em que vivemos. Alguma coisa dentro de to­dos nós tinha a ver com aquele prédio escolar.
   Lá dentro construímos ou estamos construindo, parte da nossa história. Por isso, nos sentimos meio donos dele e por esta relação, nos senti­mos roubados quando vimos o Instituto queimado. Houve participação, por­que as pessoas se sentiram responsáveis pela preserva­ção do que estava sendo des­truído, e, isto é um fato da maior importância dentro deste contexto, porque deve condicionar as etapas que estão por vir.
   Esta é outra questão que gostaria de colocar: o que acontecerá agora? O que vão fazer deste prédio? A ação desenvolvida no dia do in­cêndio provou a todos a capacidade do povo de zelar pelo seu patrimônio; a ca­pacidade de ação, que só foi prejudicada pela falta de equipamentos adequados.
   Existem várias formas de se proceder diante de um prédio que por algum moti­vo necessite de trabalhos de recuperação.
   Como arquiteto, especiali­zado na área de preservação e conservação de monumen­tos e conjuntos históricos acredito que neste caso, de­vemos proceder a uma "restauração" do edifício. Explico o termo: restauração significa a intervenção, porém, preservando as características significativas da obra em questão. Este procedimento difere das simples reformas, onde o material e solução a serem adotados não precisam estar vinculados a nenhum signi­ficado especial. Já o Instituto tem o seu valor histó­rico e arquitetônico.

PODEMOS SALVAR O INSTITUTO
 
    As técnicas de recuperação permitem que ele seja totalmente restaurado, inclusi­ve solucionando os problemas de segurança e infraestrutura que até agora foram ignorados. Quanto ao valor histórico, acho desnecessário, já que ainda está fresca a manifestação do apreço, do amor que toda a comunidade demonstrou em sua ajuda, o que por si só, dá a dimensão do significado desta escola pa­ra Pirassununga. A população é a maior interessada e a maior res­ponsável pela preservação daquilo que é seu. Os canais de participação existentes devem ser procu­rados e todos devem achar o melhor meio de ajudar, como fizeram no dia 21 de abril. Depende  da comunidade pirassununguense a boa solução para o caso do Instituto.

O Movimento, 26 de abril de 1981
Luís Antônio Cambiaghi Magnani
Arquiteto

Colaboração “Peixe Roncador”
Equipe E E Pirassununga

 

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